MARCANDO PARA OS SUBÚRBIOS
Do cerne
central
Da grande
metrópole,
Onde blocos
gigantes
Aos céus se
elevam,
E o corpo
faz trêmulo,
Quando os
olhos contemplam
De encontro
ao azul magnífico dos céus,
Os imensos
arranha-céus...
Parte pelas
ruas e avenidas,
Enroscando-se
por dentre assas estruturas
Por um
labirinto,
Rumando aos porões da cidade,
Rompendo o ventre da gigantesca metrópole,
Desentrincheirando
os meandros ainda por vir,
Ninhos de
áspides e serpentes...
E
ocultando-se quanto mais se vai adiante,
Distanciando-se
do cerne de onde se partiu,
Alcança-se
enfim habitat desses entes...
São míseras
formações,
Que se
recolhem de forma turva pelas periferias,
Distantes do
centro da cidade.
E o olhar
que outrora contemplava os edifícios,
Agora faz
fremir o corpo,
E busca-se
conter as lágrimas,
Que insistem
em escorrer...
De cobras
peçonhentas que eram,
Habitando em
conjunto agora com outros corpos,
Feito vermes
em atoleiros,
Percorrem os
caminhos,
Por entre o
fervilhar de toda gente.
Na caminhada
que se segue,
Recolhem-se
estes entes,
Nos morros e
vales periféricos,
Como que em
virulentos e odiosos ninhos,
Figuras
errantes se aglomeram,
E exala o
odor fétido da miséria.
E os
excrementos escorrem,
Por veios
próximos às paupérrimas habitações.
E assim apodrecem em águas corredias,
Por vezes
estagnadas.
E os
habitantes que ocupam estes recantos
Trevosos,
Que se o sol
recebem é só para clarear e,
Tornar à
vista a parte mais asquerosa,
E indesejável,
Daquilo que
ainda persiste ser,
A grande
metrópole...
E estes
habitantes agora,
Erguem aos
deuses sua voz,
Em busca de
que os ouçam em sua miséria reinante.
Vítimas de
doenças e males,
Que os
outrora blocos gigantes,
Ficados para
trás querem ocultar,
Como em
submundos dos porões,
Da urbe...
E os
habitantes da metrópole,
Na grande
maioria disfarça o terror,
Que os
acomete,
Persistindo
em esquecer,
Aquele
verdadeiro câncer,
Que oblitera
a cidade.
Os seres
periféricos,
Os áspides e
serpentes,
Persistem em
sobreviver,
E vez ou
outra,
Pelo
anoitecer,
Avançam
silenciosos,
Saídos de
seus ninhos,
E prontos
para atacar febris,
De cobras que
eram em celerados e ladrões
Transformam-se...
E atacam qualquer
habitante,
Da ousada e
magnífica metrópole.
E se ergue
então aos ouvidos dos deuses,
O praguejar
dos legados ao esquecimento,
Bem como dos
assaltados pelos que habitam,
Os
territórios mais próximos do cerne urbano,
Em coro e
infernal orquestra,
Da vasta e gigantesca
edificação...
Que como se
em uma Babel se constituísse,
E vingança
divina exigisse,
Pergunto-me
então eu,
Ao azul dos
céus elevando os olhos,
Até quando,
Até
quando...
Isso tudo
persistirá.
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