E eis que quero enxergar para além dos olhos físicos.
Contemplar não só as maravilhas da criação; a beleza da rosa, o voo do pássaro
ou as águas que escorrem em cachoeiras. Desnublar a visão imparcial da alma,
evitando o erro e buscando do amor primeiro, da sabedoria divina e do espírito
de discernimento, é isso que quero. Ainda que se desnude perante mim todos os
mistérios das ciências, ou que me seja revelado todo o alcance dos milagres
quero ir mais além... Desafiar o desconhecido não com a arrogância de querer em
mim, e só para mim a sabedoria, antes
ansiar do bem e do amor infalível que brota do infinito... Infinito que não nos
é possível atingir, porém estarrece
minha visão quando elevo meus olhos e
contemplo a vastidão das estrelas no firmamento. Eis que não me encubra a visão
a névoa da incerteza, nem abata minha alma as trevas da incredulidade. Que ao
olhar para o meu próximo, meus olhos sejam de uma visão para além da aparência
física e assim não faça eu distinção entre o belo e o grotesco, entre o de
vestes belas e o que carrega andrajos. Que por mais pobre ou carente que me
sinta, siga avante estendendo ao
meu próximo do amor que pulsa em meu coração e
não desistindo nunca da caridade. Bem maior que trago em mim. E do encanto que
encontro estampado na criação sublime da mão oculta de Deus, seja eu
fortalecido e refrigerada a minha alma. Que não vacile o meu pé na caminhada, e
se tropeçar e cair, erguer-me ainda que seja acudido pela mão de outro. E
prosseguir persistindo grato ao anjo que me acompanha e me conduz a perseverar.
Nunca se eleve em mim de modo que eu não
possa me redimir, do orgulho e da vaidade, e humilde me faça mesmo quando em
vitórias me aplaudam. Que lance eu com mão firme da semente da fé, esperança e
amor que a mim gratuitamente foi concedida. E que frutifique de mim de forma
sublime, a serenidade e a paz suficientes para que eu possa dividir com o que
sofre, com o que cruza meu caminho abatido ou em tormento, todo o meu amor. E
esteja eu sempre pronto a calar e com meu silêncio nunca julgar ao meu próximo.
Antes haja em minha alma a prontidão do perdão. E quem sabe lá, bem distante no
tempo, ou ainda no amanhã que me aguarda, quando o sopro de vida que há mim se
for, alcance eu a graça de encontrar o repouso eterno ou o possível merecimento
de renascer para uma nova aurora.
Este escrito é importante para mim pois relata minha possibilidade de fé em um Ser Supremo.
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