“A GIGANA”
Nos dias de adolescência,
Sob um sol
matutino
A beira mar,
Veio até mim
A cigana.
Mulher de
certa idade
Vestida em
traje jovial,
Estampa
colorida no vestido,
Adornos nos
pulsos e no pescoço.
Não era
bela,
Mas seu
porte austero,
Frisava o
corpo feminil...
Dirigiu-se a
até mim
E disse:
Leio as
mãos,
Leio as
cartas do tarô.
Posso ao
jovem desvendar,
Os segredos
do destino.
Envergava
ela um chapéu,
De abas
largas,
E dizendo
isto
Sorriu para
mim.
Entreguei
minhas mãos,
E a cigana
percorreu as linhas delas,
E vi no
desfilar do tarô,
Meu destino
exposto.
Que encanto
me foi,
Não os
segredos revelados,
Mas o prazer
de entregar-me,
De alma
desprendida,
Àquela já
idosa cigana.
Falava-me
ela,
Em sotaque
espanhol,
E sorria às
vezes...
Perscrutando
em mim,
Alguma
alteração no semblante.
Terminada a
investida,
Em meu
destino,
Findo o
arriscar,
Em minha
fortuna,
E meus
amores,
Paguei a ela
a quantia exigida.
Passeamos
pela praia,
Solitários
lado a lado,
Falei pouco,
Ela nenhuma
palavra disse.
Perguntei-lhe
o nome,
E ela respondeu:
Sara.
Quando ia
agradecer-lhe,
O seu feito,
Passou outro
a pisar manso,
Na areia da
praia.
E a cigana,
Afastando-se
de mim,
Assim ao
outro se ofereceu:
Leio as
mãos,
Leio as
cartas do tarô.
Desviou-se
de meu caminho,
E sobrou em
mim só,
A imagem
impertinente,
Daquela
figura exótica.
Quanto as
suas premonições,
Que direi?
O destino é
senhor de si próprio,
E as
palavras da cigana,
Não se
casaram ele.
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